INTRODUÇÃO

O parto fisiológico está directamente ligado com a experiência de dor.

O nosso medo da dor e o desaparecimento do parto fisiológico estão relacionados com o nosso estilo de vida. Um ritmo frenético, a pressão para ser eficiente, a competição, a procura pelo sucesso, a necessidade de gratificação imediata, a recusa de sofrer: todos estes factores deixam pouco espaço para ouvir, sentir e assumir uma atitude pró-activa diante de dificuldades.

O rápido desenvolvimento da tecnologia criou uma ilusão de bem-estar e segurança, favorecendo a eliminação do perigo, enfraquecendo a nossa capacidade de adaptação às circunstâncias. Temos rejeitado a importância das relações humanas, esquecendo que as nossas relações com os outros determinam o estado da nossa própria saúde. Como sociedade, já não temos a capacidade de promover uma boa saúde e pouca mais temos para curar doenças. O que podemos fazer é, antes, avaliar os danos através de sofisticados processos de diagnóstico (Tew, 1998).
As parteiras italianas estão a atravessar uma crise. A taxa de cesarianas aumentou de forma dramática, dando a Itália a segunda maior taxa do mundo e a maior na Europa. Não bastando, a mortalidade e, principalmente, a morbilidade materna e neonatal também aumentaram. O advento da tecnologia no parto não apresentou nenhuma melhora significativa nas taxas de mortalidade perinatal e, se alguma coisa tem diminuído, é a qualidade do vínculo mãe-bebé, produzindo um impacto negativo sobre a vida e  saúde do bebé (Tew 1998, Beech 2000, Wagner 2001, Relier 1993). O aparecimento nos últimos anos de um número sem precedentes de problemas relacionados com crianças de todas as idades deve estimular a reflexão sobre este fenómeno.

A analgesia  natural e farmacológica expressam as duas polaridades na arte de partejar de hoje: a tensão entre o uso da tecnologia e a activação de recursos endógenos das mulheres, entre o poder e a impotência.

AS FUNÇÕES DA DOR DO PARTO

As funções físicas da dor

 Uma das principais características do trabalho de parto fisiológico é a sua natureza rítmica. O ritmo é feito de altos e baixos, de aceleração e desaceleração. Acima de tudo, é individual. Significa que é determinado unicamente pela personalidade e experiências vividas pela mulher que dá à luz. É, portanto, altamente imprevisível. A dor é o elemento que melhor representa a natureza ritmíca do nascimento. A dor de parto é intermitente. Vale a pena dispensar um minuto para analisar o significado deste conceito na fisiologia, sendo que na intermitência reside num dos maiores segredos do trabalho de parto fisiológico.

A dor é como um guia durante o parto e protectora da mãe e do bebé: A função fisiológica da dor é proteger o corpo através do envio de sinais de alarme para avisá-la dos agressores, para que possamos agir perante o perigo de forma a protegermo-nos. Acção é fundamental.

O parto é um paradoxo fisiológico. A mulher, a fim de trazer outro ser para a vida, tem que se opor ao seu próprio corpo. Ela sofre um “ataque” visceral por parte de seu bebé, que vai contra todos os princípios de auto-conservação. Este ataque contra a sua integridade, ao ser captado, coloca o corpo da mulher em estado de alerta, sinalizando o perigo através da dor e desencadeando reacções de defesa fisiológica (como o instinto “luta ou fuga”).

O momento do parto representa para a mulher, de certa forma, um dilema entre a conservação de si mesma e o auto-abandono. O processo de abertura do seu corpo para o bebé e a forte pressão sentida nas articulações e nos nervos sacrais, não são, de facto, livres de perigo, tanto para a mãe como para o bebé. A dor torna-se, portanto, um valioso guia para alertar a mãe e o bebé de perigos, dando à mulher a possibilidade de sanar situações potencialmente perigosas, agindo com uma resposta adequada e instintiva.

No contexto do trabalho de parto, cada acção da mulher traduz-se em “atacar”, como um movimento em direção a algo, para o “perigo”. Numa perspectiva feminina da fisiologia, a luta significa render-se, abrir(Taylor 2002). No trabalho de parto a resposta fisiológica mais importante à dor é, como veremos, o movimento. A liberdade de movimentos permite que a mulher instintivamente assuma posições em que a resistência e a compressão são reduzidas. A mulher, portanto, protege-se de danos à sua bacia, colo do útero e períneo, enquanto, ao mesmo tempo, protege o bebé de posições inadequadas que poderiam causar pressão excessiva sobre a cabeça. Ao agir desta forma, a mulher pode reduzir os níveis de stress do bebé, bem como a sua própria dor.

Dor como um estimulador do sistema endócrino

A ocitocina necessária para iniciar o trabalho é produzida primeiro pelo bebé, após alterações hormonais placentárias e fetais, sendo posteriormente produzida pela mãe. A estimulação do colo do útero, causada por actividade fetal e uterina, provoca uma liberação inicial de ocitocina. Neste ponto, as contracções prodrómicas (1) são ainda irregulares e inconstantes. Para o trabalho de parto entrar na fase mais activa, caracterizada por contracções longas e poderosas, o corpo precisa de estímulo regular, em proporção, com uma produção constante e crescente de ocitocina.


Essa é a estimulação regular fornecida pela dor intermitente. A dor momentaneamente cria um pico de stress agudo para a mulher. O corpo reage aumentando a produção de catecolaminas, que, ao ser produzido em picos, obtém uma resposta paradoxal de oxitocina, estimulando ao mesmo tempo a produção de endorfinas. Com este processo inicia-se um aumento gradual das contracções, juntamente com uma tolerância cada vez maior à dor.

Por outro lado, quando as catecolaminas não são produzidos de forma intermitente, mas constante, elas inibem a produção de ocitocina e endorfinas. Isso pode ter o efeito de retardar o trabalho ou prolongar as contracções prodrómicas(1), sem nunca resultarem em trabalho de parto activo e originando mais dor aguda. Em muitos casos de trabalho “congelado” aos 3 cm de dilatação, podemos observar um estado permanente de tensão da mãe, muitas vezes acompanhado por sintomas de estimulação excessiva do sistema nervoso simpático.

Tendo em consideração estes factos, podemos apreciar o quão fundamental é a dor no parto. Traduzido em prática, essa consciência deve trazer muito mais atenção para as pausas entre as contracções. O relaxamento completo entre as contracções permite que a mulher momentaneamente re-entre num estado de calma sem stress profundo. Este estado facilita a activação do sistema nervoso parassimpático e permite que o corpo da mulher se prepare para uma outra corrida de catecolaminas, com consequente produção de ocitocina. A ocitocina estimula a prolactina, que possui um papel importante na protecção do metabolismo do bebé durante o trabalho de parto e ajuda-o na transição para a vida extra-uterina. A prolactina também estimula as endorfinas. A mulher tem, portanto, quatro fontes de endorfinas (analgésicos endógenos): catecolaminas, a ocitocina, prolactina e o sistema nervoso parassimpático, que interage com o corpo da mulher durante os intervalos entre as contracções. Porque as endorfinas param as contracções, elas são as responsáveis pelo ritmo do trabalho de parto.

A cooperação hormonal dos dois sistemas autónomos é particularmente importante durante o parto. O sistema simpático é, de facto, responsável pelas contracções uterinas, enquanto o sistema parassimpático regula a distensão do segmento inferior do útero e do colo do útero. Quando os dois sistemas não trabalham em harmonia, há um risco aumentado de contracções espásticas sem dilatação, de distócia entre corpo e o colo do útero e de hipotonia uterina com a chamada dilatação “passiva” e de dor improdutiva. O alternar harmonioso entre os dois sistemas é, novamente, favorecido pela alternância correcta entre dor e relaxamento.

A parteira pode usar muitas técnicas para facilitar esta alternância e orientar a mulher através da dor. A parteira pode, por exemplo, oferecer as ferramentas que a mulher tem para lidar com a a dor, transformando-a em algo que a mulher é capaz de enfrentar, como foi dito por  Dick-Read nos anos 30 (Dick-Read 1933).

Outro aspecto importante da dor como estimulador endócrino diz respeito à produção de endorfinas. A função das endorfinas é, não só reduzir a dor, mas também para induzir, na segunda parte da dilatação, um estado alterado de consciência, semelhante a um estado hipnótico. Este estado facilita a inibição cortical da parte racional do cérebro, permitindo que o sistema nervoso autónomo assuma as suas funções. Além disso, possibilita que a mulher abandone completamente o seu ego e os seus próprios limites, levando-a a completar a dilatação e a permitir a saída do bebé e a recebê-lo com alegria. Nos momentos culminantes do parto, quando o bebé já saiu e o estímulo da dor cessa, os níveis de endorfinas no corpo da mulher são tão altos que ela experimenta sentimentos intensamente prazerosos de êxtase, com os quais dá as boas vindas ao bebé e começa a sua experiência da maternidade.

Às endorfinas também são atribuídas as qualidades de dependência e vinculação. O apego é o solo em que uma criança cria raízes, cresce e vive. Assim, o parto fisiológico estabelece os alicerces para a sobrevivência e crescimento do bebé.

As funções psicológicas da dor

A Dor como expressão da dor psicológica da separação: Uma das tarefas do parto mais desafiadoras emocionalmente para a mãe é a necessidade de separação do bebé. O bebé é percebido pela mulher, tanto como indivíduo, como parte dela. De certa forma ele ainda é imaginário, mas está-se a tornar cada vez mais real para a mãe. A separação de uma parte de nós mesmos ou de alguém muito próximo de nós é sempre um processo difícil e doloroso.

No nascimento, essa separação é muitas vezes parcialmente desejada e temida. O desconhecimento do bebé “real” contribui para sentimentos muito mistos. De facto, a menos que a mãe se familiarize com seu bebé durante a gravidez, mais difícil o processo de separação pode ser.

Neste contexto, a dor tem uma dupla função. Por um lado, leva a mulher em direcção a uma separação necessária, não deixando espaço para hesitações. Como muitas mulheres, provavelmente, nunca realizariam voluntariamente este processo de separação, a dor ajuda-as a reconhecer a inevitável necessidade de dar à luz, concentrando toda a sua atenção sobre as partes do corpo mais envolvidas no processo. Por outro lado, a dor fisiológica torna-se a expressão da dor emocional da separação. Intermitente, a dor, o ritmo de trabalho de parto, com as suas acelerações e transições lentas, marcam o tempo. Em processos de separação, o tempo é importante e individual.

Mais uma vez, a parteira pode ter um papel importante para facilitar este processo. Encorajar um bom vínculo mãe-bebé mesmo antes do nascimento e incentivar um processo que faz com que o bebé seja mais real e menos imaginário para a mãe, vai ajudar a tornar o processo de separação mais fluido, o parto mais rápido e as dores do parto menos intensas.

A dor como um elemento de transformação pessoal: Enfrentar a dor física e psicológica cria medo e ansiedade. Suportá-la durante tantas horas representa um enorme desafio para a força de uma mulher. Este processo induz a uma crise existencial, em que todos os recursos emocionais da mulher são mobilizados. Ao mesmo tempo, questões antigas, enterradas no subconsciente, de repente podem re-surgir.

Assim como a dor dá à mulher a possibilidade de descarregar antigas experiências psicologicamente dolorosas, esta crise empurra-a para os seus limites extremos, até o ponto onde ela tem a certeza de ter esgotado todos os seus recursos internos. Este momento geralmente corresponde à “rendição”, quando a mulher afirma: “Eu não aguento isto por mais tempo.” Mas é exactamente nesse momento que ela se torna, finalmente, capaz de abandonar-se às energias fortes que atravessam o seu corpo .Render-se, neste caso, traduz-se em ir além de seus limites pessoais, que representa a última etapa no progresso do parto e nascimento, enquanto, ao mesmo tempo, activa novos recursos na mulher. A sua força pessoal é aumentada, como resultado dessa experiência, seu status social e pessoal mudou para sempre. Este aumento da força pessoal, resultante de uma experiência no limite das suas capacidades (presente até mesmo em partos problemáticos), vai aumentar a sua auto-estima e equipar a mulher com os atributos necessários para ser mãe e um guia para o seu filho.

As funções energéticas da dor

 Dor como um estimulador sexual: De acordo com Reich (1942), a capacidade orgástica é a capacidade de abandonar-se ao fluxo de energia biológica e para descarregar a tensão acumulada ao longo de contracções rítmicas involuntárias. Uma das grandes vantagens do parto, que não é bem conhecida, nem muito entendida, mas no entanto muito temida, é que ele é uma poderosa expressão da energia sexual da mulher. Esta energia é de natureza exclusivamente feminina, independente dos homens.

Uma mulher que dá à luz usando todo o seu poder sexual sairá desta experiência uma mulher forte em todos os sentidos, sua “potência orgástica”, como Reich (1942) descreveu, será particularmente aumentada. O mediador dessa experiência orgástica durante o parto é, novamente, a dor intermitente,com o seu estímulo cada vez maior, que cria tensão no corpo da mulher, particularmente na área genital.

Ao mesmo tempo, as endorfinas, cuja produção é induzida pela dor, ajudam o fluxo da mulher com o fluxo da energia biológica, favorecendo um relaxamento mais profundo, nos intervalos entre as contracções. Quando a tensão induzida pela contracção atinge um determinado nível, a mulher prepara-se para descarregá-la através de pressões involuntárias, que agitam, num primeiro momento, o seu corpo inteiro e, no auge das contracções, concentram-se nos músculos do períneo.

A pressão da cabeça do bebé sobre o períneo é um sinal para a mulher começar a descarregar a tensão acumulada e cada vez mais involuntária, através das contracções peristálticas do períneo e expirações longas, que continuam até à concretização do nascimento.

Após o nascimento, a energia que havia sido concentrada na área de refluxos genitais e em todo o corpo, provocam uma sensação de satisfação e bem-estar da mãe. Essas sensações, por sua vez, rapidamente dão lugar a sentimentos de ternura e gratidão, acolhendo o bebé nas primeiras horas após o nascimento.

Em conclusão, as mulheres que utilizam a sua energia sexual para dar à luz descarregam a tensão do trabalho de parto no momento do nascimento, recuperam as suas energias, não enfrentam tremores após o nascimento, sentem-se satisfeitas e cheias de ternura.

As funções afectivas da dor

 Os altos níveis de endorfina produzidos durante o parto e a experiência emocional profunda de dor induzida pela estimulação do sistema límbico do cérebro primário, são responsáveis por funções afectivas do cérebro. Assim, as endorfinas induzem na mulher um “estado sensível” para o nascimento de seu bebé. Elas permitem-lhe concentrar todos os seus instintos e sentidos sobre o nascimento eminente, dando as boas-vindas ao bebé no seu mais profundo estado inconsciente e instintivo.

Esse tipo de ligação é estabelecido ao nível mais íntimo da mãe e psique do bebé. É instintivo, biológico e indissolúvel. Não é possível, em partos com analgesia. O “estado sensível” é muito semelhante ao estar apaixonado. Na verdade, a mulher é programada para se apaixonar pelo seu filho, garantindo o processo de cuidar, tornando-o agradável. Em suma, podemos ver como o prazer de ter e cuidar de um bebé vem da própria experiência da dor fisiológica, assim como o desejo de repetir a experiência e ter outros filhos.

SOBRE A FISIOLOGIA DA DOR DE PARTO

Estímulos da dor a nível periférico sensitivo

A dor local resulta de dores viscerais causados por estiramentos excessivos, lacerações e isquemia do músculo uterino:

– Alongamento e micro-lacerações do colo do útero

– Estiramento do segmento inferior do útero

– Estiramento dos ligamentos e dos órgãos tubo-ováricos

– Compressão dos nervos do plexo lombo-sacral

– Compressão das articulações da pélvis

– Isquemia do músculo uterino devido à acidose metabólica, hiperactividade uterina ou espasmo uterino.

Estímulos da dor a nível central

A experiência da dor é afectada pelo condicionamento negativo (Nikolaiev 1953 e 1953, em Velvoski Chertok, et al, 1969): factores culturais desfavoráveis, experiências traumáticas do passado ou o medo induzido pela experiência relatada por outros, uma relação difícil com a dor; ter tido uma experiência traumática no seu próprio nascimento ou outras dores físicas, dificuldades com o seu papel de mulher, etc.É também influenciada por impressões culturais:

como é valorizada a dor numa cultura, a visão social do parto e da figura da mulher, a consideração e o tratamento dado à dor socialmente, compartilhando-a ou removendo-a, ou pelo apoio social à vivência da experiência da dor. A importância desses fatores é explicada a seguir.

As três dimensões fisiológicas da dor

A dimensão sensorial discriminativa: Esta dimensão está baseada em projecções neo-espinotalâmicas da coluna vertebral para o tálamo e o córtex sensorial, que permite a percepção física da qualidade e localização da dor.

A dimensão afectivo-motivacional: Esta dimensão baseia-se no sistema límbico reticular, recebendo informações do sistema multissináptico da coluna vertebral. O sistema reticular está conectado com todos os sistemas sensoriais e motores do cérebro, particularmente as extrapiramidais e com o sistema nervoso autónomo. É responsável por reacções de luta ou fuga, bem como pelas reacções de rigidez muscular, medo e reacções autónomas nervosas.

O sistema límbico reage com prazer ou desprazer, dependendo da sua carga. A ligação directa entre o sistema límbico e o córtex cerebral parece ser responsável pelas reações afectivas de aceitação ou negação.

A dimensão cognitiva-valorativa: esta dimensão está baseada em processos corticais. O córtex recebe informação sensorial e afectiva, analisando e comparando os valores culturais e da mulher com experiências passadas e nível de ansiedade do momento. Seguidamente, activa o sensor-discriminativo e os sistemas afectivo-motivacional, inibindo-os ou excitando-os ainda mais.

Se o sistema afectivo-motivacional é suprimido por experiências positivas e conhecimento, a mulher simplesmente percebe a dor física, sem esta ser agravada pelas reacções de tristeza, aversão ou reacções autónomas nervosas. Se o sistema é estimulado pela ansiedade ou condicionamento negativo, como descrito acima, a mulher tem mais probabilidade de ter uma experiência negativa, com o aumento da percepção da dor, mesmo na ausência total ou presença reduzida de um estímulo negativo.

A expressão individual da dor é determinada pela sua interpretação psicossomática, já que é uma percepção sensível com uma reacção activa emocional e, portanto, uma experiência individual (Melzak 1973).

CONTENÇÃO DA DOR

 Um objectivo importante na preparação da mulher para o parto fisiológico é oferecer-lhe ferramentas para conter a dor, para que seja reduzida ao seu mínimo fisiológico e não ampliado ainda mais por medo e tensão ou intervenção médica.

Ferramentas de inibição dos factores de dor periférica

– Respiração profunda com expiração longa

– Vocalização (com a garganta solta)

– Movimento da pelvis

– Capacidade de indentificar a diferença entre os estados de tensão e relaxamento

– Capacidade de relaxar rapidamente as zonas contraídas: um tónus muscular relaxado seda os sinais de alarme enviados ao cérebro, fechando assim o portão de controle da dor na coluna dorsal. Os estímulos de dor são captados a um nível inferior pelo cérebro.

– Movimento durante o trabalho de parto

– Massagem, packs quente, banho ou duche quente durante o trabalho de parto

– Respeito pelas leis da fisiologia do trabalho de parto

Ferramentas para inibição dos factores de dor central

– Descondicionamento cultural: criar motivação e opções de forma a mudar a percepção da dor, valorizando-a.

– Descondicionamento pessoal: expressar experiências pessoais vividas; condicionamento positivo a fim de reduzir o medo da dor e criar expectativas individuais adequadas

– Trabalhar os ritmos e actitudes activas e passivas relativas aos momentos de dor e intervalos.

– Dar a conhecer à mulher a existência e a importância das pausas entre as contracções

– Favorecer o instinto e a intuição

– Comunicação afectiva positiva com o companheiro e / ou apoio de outras pessoas

– O apoio de uma parteira de confiança, de preferência, que tenha acompanhado a gravidez

– Manter o ambiente íntimo e protegido, a fim de favorecer o comportamento instintivo e excluir factores perturbadores e / ou agressivos.

Acima de tudo, favorecer a produção de endorfinas.

CONCLUSÃO

Vimos que a dor no parto é um elemento frequentemente indesejado, mas fundamental para o trabalho de parto fisiológico. Na verdade, a dor activa na mulher os seus próprios recursos, tornando-a mais forte, enquanto a prepara para o vínculo com o seu bebé. A dor é fundamental na promoção da saúde. A sua eliminação gera complicações consideráveis. Acima de tudo, a eliminação da dor inibe a mulher do seu poder reactivo, tornando-a mais fraca. Além disso, sem a dor, a mulher perde a hipótese de uma importante experiência de auto-descoberta. O conhecimento da obstetricia deveria reconsiderar estes factores e ponderar se não valeria a pena trabalhar mais intensamente sobre estes temas antes do parto, investindo mais na analgesia natural e, portanto, na figura da parteira.

Certamente que o parto fisiológico, com a dor que o acompanha, só é sustentável com o apoio e a orientação de uma parteira sábia e paciente que tenha realmente tempo para este processo.

Verena Schmid

Tradução: Sandra Oliveira para bionascimento

Revisão: Sílvia Roque Martins para bionascimento

Referências

Beech, B. 1999. Over-medicated and Under-informed. What are the consequences for birthing women? AIMS Journal 11(4): 4–8.
Chertok, L., M. Bonnaud and D. Graham. 1969. Motherhood and Personality: Psychosomatic Aspects of Childbirth. London: Tavistock Publications.
Dick-Read, G. 1933. Childbirth without Fear. New York: Harper & Row.
Enkin, M., M. Keirse and I. Chalmers. 2000. A Guide to Effective Care in Pregnancy and Childbirth. New York: Oxford University Press.
Melzack, R. 1973. The Puzzle of Pain. Harmondsworth: Penguin Education.
Reich, W. 1983. The Function of the Orgasm. London: Souvenir.
Relier, J.P. 1993. L´aimer Avant Qu´il Naisse. Paris: Editions Robert Lafond.
Robertson, A. 1997. The Midwife Companion—the Art of Support during Birth. Camperdown: ACE Graphics.
Taylor, S. 2002. The Tending Instinct: Women, Men and the Biology of our Relationships. New York: Times Books Henry Holt Company.
Tew, M. 1998. Safer Childbirth? A Critical History of Maternity Care. London/New York: Free Association Books.
Wagner, M. 2001 Nov. Fish Can’t See Water: the Need to Humanize Birth. Int J Gynecol Obstet 75(suppl 1): S25–37.
Schmid, V. 1998. Il Dolore del Parto (Pain in Childbirth). Florence: Centro Studi Il Marsupio.

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