Nota: Este relato foi enviado no dia 1 de abril de 2025 — o chamado “Dia das Mentiras”. A sua publicação coincide, de forma simbólica, com o dia seguinte à promulgação da Lei n.º 33/2025, que tantas mulheres sentem como um ataque à sua autonomia reprodutiva. Aqui se escreve a verdade de uma mulher que decidiu escutar o corpo, a intuição e a ciência.
No dia das Mentiras, um relato e reflexão sobre a Verdade, no feminino
Conheci a Sandra através do livro Nascer Saudável
Estava para escrever esta partilha há uns meses, até pensei em escrevê-la no Dia da Mulher, mas, dado o teor e significado da data, decidi escrevê-la hoje, 1 de abril, Dia das Mentiras, como o meu relato pessoal sobre a gravidez e o parto.
Contextualizando: já conhecia a Sandra Oliveira das redes sociais e do seu livro Nascer Saudável — um livro com muita informação para suporte na reflexão e tomada de decisão para as mulheres grávidas. Em agosto de 2024, inscrevi-me no seu webinar sobre “A dor do parto”. O rigor e a clareza do livro estavam patentes no webinar, no qual passei também a constatar, na primeira pessoa, a sua frontalidade e discurso fundamentado e realista com base na sua experiência profissional, sem palavras de positivismo tóxico sobre o parto.
Um webinar que validou os meus medos — e o meu poder
No webinar, senti validados os meus medos sobre a dor do parto, mas também recebi uma enorme “injeção” de informação e de confiança nas capacidades do meu corpo e no poder da comunicação com a minha bebé.
A indução marcada… e uma inquietação crescente
A 29 de setembro, estava grávida de 41 semanas e 2 dias, no auge dos meus 42 anos. Dada a minha idade cronológica, idade gestacional e “diabetes gestacional”, já estava indicada para indução do parto desde as 38 semanas. Nessa data, já tinha assinado várias recusas informadas (com salvaguarda do meu bem-estar e do feto), para aguardar por entrar em trabalho de parto espontâneo. Mentalmente, até então, tinha o “marco” temporal de aguardar pelas 41 semanas, até que aceitei agendar indução para 30 de setembro por não ter entrado em trabalho de parto espontâneo — mesmo não estando conformada com a minha decisão.
Nesse dia 29 de setembro, tarde de domingo, a angústia e ansiedade apoderaram-se de mim. Estes sentimentos deram-me o sinal de que não estava em paz com a indução marcada para o dia seguinte. Ainda para mais, porque sentia que o meu corpo estava a dar-me sinais de trabalho de parto, embora subtis e que não eram, por si só, indicadores de que o parto estaria para breve.
Um domingo, um pedido de ajuda — e uma videochamada que mudou tudo
Senti que precisava de um “banho de rigor e coragem” para ter mais lucidez nas decisões que tomaria a seguir, no meio da minha “convulsão emocional”, expectável nessa fase da gravidez. Mandei mensagem à Sandra, em gesto de desabafo e pedido de ajuda. Reitero: era uma tarde de domingo. A Sandra respondeu-me de imediato e prontificou-se a conversarmos por videochamada, atendendo à nossa distância geográfica. Agradeci e aceitei a generosa proposta de conversarmos. Era o que eu precisava naquele momento, mesmo que não esperasse tão pronta resposta — mas o meu tempo estava a esgotar-se, pois seria internada a 30 de setembro às 8h30 para induzir o parto.
Abençoada conversa que tivemos, sempre com base em informação rigorosa e com uma análise personalizada da minha gravidez e situação específica, que me ajudou a raciocinar com clareza e a confiar no meu corpo e nos sinais que o meu corpo e a minha bebé estavam a dar-me. No final da nossa conversa, a Sandra disse-me: “Agora relaxa, vai fazer alguma coisa que te dê prazer neste final de tarde.” Aceitei novamente a sua proposta para criar um momento de profunda conexão e comunicação com o meu corpo e a minha bebé no meio da natureza, num “banho de floresta”. Regressei a casa renovada e fortalecida.
Natureza, oxitocina e confiança
Nessa noite, o meu corpo começou a dar sinais mais evidentes e fortes de trabalho de parto. Na manhã do dia 30 de setembro, decidi confiar no meu corpo e na minha bebé, e comuniquei à equipa médica — após observação clínica — que iria “produzir ocitocina” para casa, para a natureza. De salientar que, durante toda a pré-conceção e gravidez, adotei uma postura ativa e um estilo de vida saudável, para potenciar uma gravidez e parto saudáveis.
Seis meses depois: parto sem indução, medicalização ou instrumentos
Faz hoje 6 meses que tive o meu parto, sem indução, nem medicalização, nem instrumentação.
No Dia das Mentiras, escrevo sobre a verdade
Neste Dia das Mentiras, convido todas as mulheres a questionarem-se sempre que vos fizerem duvidar do vosso corpo e do vosso poder de decisão e soberania (com responsabilidade e consciência informada) que têm sobre o vosso corpo, os vossos bebés, e o papel ativo e protagonista na vossa pré-conceção, gravidez, parto e nascimento/vida dos filhos (e vida no geral).
É mentira quando nos dizem que não somos capazes.
É mentira quando nos fazem duvidar da sabedoria dos nossos corpos.
É mentira quando nos dizem que outros podem decidir por nós.
É mentira quando nos ensinam a desconfiar umas das outras.
É mentira quando nos cortam a nossa inteligência intuitiva.
A verdade é esta: somos capazes
Neste Dia das Mentiras, convido as mulheres a buscarem a verdade, a escutarem o seu corpo e a confiarem mais umas nas outras — mas também a questionarem as inverdades que nos são transmitidas sobre a gravidez e o parto. Procurem informação fundamentada, baseada no saber e na evidência científica, e reassumam a vossa responsabilidade pessoal sobre a vossa vida reprodutiva, gravidez, parto e pós-parto.
No dia seguinte à publicação da Lei n.º 33/2025, de 31 de março, recordo que nenhuma lei é mais poderosa que o poder de decisão de cada um de nós.
1 de abril de 2025
(…) Agradeci e aceitei a generosa proposta de conversarmos. Era o que eu precisava naquele momento, mesmo que não esperasse tão pronta resposta — mas o meu tempo estava a esgotar-se, pois seria internada a 30 de setembro às 8h30 para induzir o parto.
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