A Organização Mundial de Saúde desde há muitos anos que tem vindo a emitir pareceres com o objetivo de facultar orientações sobre boas práticas no Parto Normal.
Em  1996 emitiu o relatório, onde identificou as práticas a incentivar, as a corrigir e as a eliminar no Parto Normal,  um consenso alcançado por um grupo de especialistas internacionais.  Esta informação existente há quase 20 anos, seria desejável que já não houvesse necessidade de divulgar. No entanto, em Portugal ainda o é, pois está difícil de vermos estas orientações serem protocoladas, seja no setor público, como privado, e na realidade as boas práticas estão à mercê dos prestadores de cuidados, e do quanto estão atualizados ou não.

A melhor forma de difundir esta informação é divulgando-a, portanto, 10 anos depois, aqui continuam no site Bionascimento.

A. Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas
B. Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas
C. Condutas sem evidência suficiente para fomentar uma recomendação e que, deveriam ser usadas com precaução, enquanto pesquisas adicionais não as tornarem evidentes
D. Condutas frequentemente utilizadas de forma inapropriadas

 
 

A. Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas 
1.  Elaboração de um plano pessoal que determine onde e por quem será assistido o nascimento, a realizar em conjunto com a mulher durante a gravidez, o qual deverá ser compartilhado com o seu companheiro, e se possível, com a restante família.
2.  Avaliar os factores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contacto com o sistema de saúde e durante todo o tempo, desde o primeiro contacto com o técnico de saúde, até ao trabalho de parto e parto.
3.  Acompanhar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como o desfecho do processo do nascimento.
4.  Oferecer líquidos orais durante o trabalho de parto e parto.
5.  Respeitar a escolha informada pelas mulheres do local do nascimento.
6.  Prever cuidados durante o trabalho de parto e parto onde o nascimento será possivelmente realizado com segurança e confiança para a mulher.
7.  Respeitar o direito de isolamento das mulheres no local do nascimento.
8.  Enfatizar o apoio dado pelos técnicos de saúde durante o trabalho de parto e parto.
9.  Respeitar a escolha de companhia durante o trabalho de parto e parto.
10.  Oferecer às mulheres muita informação e explicações sobre o que elas desejarem.
11.  Não utilizar métodos invasivos, nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento.
12.  Fazer monitorização fetal com auscultação intermitente.
13.  Usar materiais descartáveis ou realizar desinfecção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto.
14.  Usar luvas no exame vaginal durante o nascimento do bebé e na dequitadura da placenta.
15.  Dar liberdade na selecção da posição e movimento durante o trabalho de parto.
16.  Encorajar posição não deitada de costas no parto.
17.  Acompanhar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo pelo uso do Partograma da OMS.
18.  Utilizar ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou com risco eminente, ainda que por pequena perda de sangue.
19.  Esterilizar adequadamente o corte do cordão.
20.  Prevenir hipotermia do bebé.
21.  Realizar precocemente contacto pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio na iniciação de alimentação ao peito dentro de 1 hora do pós-parto, conforme directrizes da OMS sobre alimentação ao peito.
22.  Examinar rotineiramente a placenta e as membranas.
B. Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas
1. Uso rotineiro de enema  ( clíster de limpeza).
2. Uso rotineiro de raspagem dos pêlos púbicos (tricotomia).
3. Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto.
4. Inserção profilática rotineira de via intravenosa.
5. Uso rotineiro da posição supina  (deitada de costas) durante o trabalho de parto.
6. Exame rectal.
7. Uso de radiografia pélvica.
8. Administração de ocitócicos a qualquer hora, antes do parto, de tal modo que o efeito não possa ser controlado.
9. Uso rotineiro de posição de supina (deitada de costas)  com ou sem estribos durante o parto.
10. Contínuo uso de puxos dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo.
11. Massagens ou estiramento do períneo durante o parto.
12. Uso de tabletes orais de ergometrina na dequitadura para prevenir ou controlar hemorragias.
13. Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitadura.
14. Lavagem rotineira do útero depois do parto.
15. Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.
C. Condutas sem evidência suficiente para fomentar uma recomendação e que, deveriam ser usadas com precaução, enquanto pesquisas adicionais não as tornarem evidentes
1. Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa.
2. Uso rotineiro de amniotomia precoce durante o início do trabalho de parto.
3. Pressão do fundo do útero durante o parto.
4. Manobra relatada para proteger o períneo e retenção da cabeça do feto no momento do nascimento.
5. Manipulação activa do feto no momento de nascimento.
6. Utilização de ocitocina rotineira, tracção controlada do cordão ou combinação de ambas durante a dequitadura.
7. Corte precoce do cordão umbilical.
8. Excitação do mamilo para aumentar contracções uterinas durante a dequitadura.
D. Condutas frequentemente utilizadas de forma inapropriadas
1. Restrição de comida e líquidos durante o trabalho de parto.
2. Controle da dor por agentes sistémicos.
3. Controle da dor através de analgesia epídural.
4. Monitorização fetal electrónica.
5. Utilização de máscaras e vestidos estéreis durante o atendimento do parto.
6. Exames vaginais frequentes e repetidos especialmente por mais de um assistente.
7. Aumento de ocitocina.
8. Movimentar rotineiramente a parturiente para um quarto diferente para ser atendido o parto.
9. Cateterização da bexiga.
10. Encorajamento à mulher para fazer força quando a dilatação ainda que completa ou quase completa do colo forem diagnosticadas, antes que a mulher sinta desejo de o fazer.
11. Aderência rígida a duração estipulada para segunda fase do trabalho de parto, como 1 hora, mesmo se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto.
12. Parto operatório ( cesariana) .
13. Uso liberal ou rotineiro de episiotomia.
14. Exploração manual do útero depois do parto.A categorização destas condutas, encontram-se no capítulo 6 do Guia Prático para a Assistência ao Parto Normal, e foram elaboradas, em sequência da reflexão do Grupo de Trabalho da OMS para o Parto Normal, após análise e debate das melhores práticas, tendo em conta as evidências existentes, no momento da sua elaboração. No guia encontra os fundamentos para cada uma das condutas mencionadas.
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