Fui para casa, e foi aqui que eu errei, já que não devia ter ido para casa sem saber o que era aquilo que corria por mim abaixo.


Olá, sou a Maria João e tive o Nuno com 29s de gestação. Às 23s senti um líquido a correr, e como já tinha sofrido um aborto espontâneo fui logo ao hospital de Leiria. Como também lia muito as revistas de mamãs, e nesta fase de gestação muitas mulheres sofrem de incontinência, devido ao peso do bebé na bexiga, mal cheguei ao hospital, mandaram-me fazer xixi para um copinho para fazer análises, e a médica de serviço observou-me e disse “ISTO NÃO É LÍQUIDO AMNIÓTICO”, mandou-me vestir, ao vestir-me espirrei, estávamos no inverno, a médica perguntou-me fez xixi?, respondi: “não”, diz ela: “Então não é incontinência”. Fiquei a pensar então o que seria já que ainda agora tinha despejado a bexiga.
Fui para casa, e foi aqui que eu errei, já que não devia ter ido para casa sem saber o que era aquilo que corria por mim abaixo.
As análises estavam bem, estive durante 3 semanas a fazer a minha vida quotidiana a subir e a descer escadas, ia trabalhar, por aí fora, e ás 26s quando fui à minha consulta de rotina com a minha ginecologista, mal ela introduz o bico de pato encheu-se de líquido amniótico, mandando-me logo ser internada na Bissaya Barreto em Coimbra. Tinha ruptura de membranas, fiquei internada durante 3 semanas, sem me poder mexer, todos os dias me faziam análises ao sangue para ver se tinha contraído alguma infecção, e tinha.
Nuno a beber leite materno pela sonda às 29s tiveram de fazer nascer o Nuno via cesariana, porque a infecção estava a chegar a ele. Nasceu com 1.475kg, mal nasceu chorou mas, apagou-se logo, tiveram de o reanimar e de o entubar, e esteve internado na UCIN – Unidade Cuidados Intensivos Neonatais durante 1 mês e meio, fez uma transfusão de sangue, levou surfactante p/ ajudar os pulmões a amadurecerem, muita medicação, fez fototerapia por causa da icterícia, teve uma infecção urinária, esteve tão doentinho que quando voltaram a pesá-lo já com 1 semana de vida, pesava 1.100kg.
Os médicos acreditam que o que o salvou foi o meu leite ser bom, depois teve de pôr o CPAP pois os pulmões ficaram feridos por ter levado muito oxigénio, teve várias apneias (esquecer-se de respirar) e braquicardias (alteração do ritmo cardíaco), até que um dia foi o Nuno que “pediu” para lhe tirarem o CPAP, irritando-se e passando a mãozinha na cara.
Passado uma semana passou para o berço, do berço foi para o Hospital de Leiria onde permaneceu mais um mês para fazer o desmame total do oxigénio, como não havia meio de largar aquele cheirinho de oxigénio veio para casa com o oxigénio até que mais uma vez foi ele que “pediu” para não fazer mais irritando-se e virando a cabecinha quando lhe punha a máscara, não foi preciso mais, e não voltou mais para o hospital, e os médicos dizem o que o tem feito estar afastado do hospital foi o leite materno.
O Nuno passou por muito, e sofreu muito e ainda hoje as mãozinhas dele têm as cicatrizes das picadelas das agulhas que levou, mas as maiores ajudas foram o leite, a esperança, coragem, o pensamento positivo, apoio familiar, e especialmente muita fé.
É um pequeno grande lutador.
Fiz tudo por tudo para manter o leite com a bomba pois sei que é muito difícil não perder o leite, quando se é mamã de um grande prematuro, mas não é impossível, ao fim de dois meses deixou a sonda, e passou para o biberão, (sempre a beber leite materno, que extraía com a bomba no hospital e mais tarde em casa de 3 em 3 horas) eu perguntava ás enfermeiras se podia pôr o Nuno ao peito elas diziam que sim mas também encolhiam os ombros como quem diz, pode, mas não vale a pena. Aqui é que está mamãs, valeu a pena porque um dia (já o Nuno tinha tido alta) em que eu não estava em casa o meu Nuno bebeu o leite todo que havia no biberão, e queria mais, e eu não tinha ali mais, não tive outro remédio senão oferecer-lhe o peito e se ele se regalou a mamar, nunca mais tirei leite com a bomba, nem nunca voltei a ter que esterilizar biberões, nem aquecê-los durante a noite, e principalmente tem-no mantido longe dos hospitais, porque o leite da mamã tem-no protegido, coisa que os médicos também não estavam á espera devido ao historial clínico tão complicado que ele teve.
Quando fui à consulta de seguimento, á maternidade onde nasceu, perguntaram-me que leite é que ele bebia, eu respondi: “leite materno”, ficaram espantados, e disseram que era o segundo caso que conheciam de um grande prematuro ser amamentado ao peito porque muitas mães perdem o leite ou desistem ou não estimulam o suficiente, ou porque os bebés não pegam. O Nuno passou do biberão para o peito aos 3 meses e até aos 7 meses amamentei-o em exclusivo, hoje com 12 meses (9meses e meio de idade corrigida) e bem de saúde ainda o amamento e já come sopinhas, e não há nada mais gratificante de que o sorriso que o Nuno me dá quando termina de mamar.
Mamãs espero que o meu testemunho vos ajude de alguma forma. Só vos aconselho NUNCA DESISTAM PORQUE É TÃO BOM E POSSÍVEL.
Obrigada
Maria João Silva + Nuno Silva (12m/10m idade corrigida)

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