Por ocasião da semana mundial do antibiótico, trazemos aqui um tema que toca a saúde materna: o rastreio do Streptococcus B durante a gravidez, e a administração de antibiótico, por rotina, em todas as grávidas com resultados positivos. No Reino Unido a recomendação do rastreio está a ser revista e o que continua a ser apresentado, após revisão dos fundamentos científicos, é o não rastreio por rotina, exactamente para prevenir a administração de antibióticos sem real necessidade, bem como os seus possíveis efeitos adversos.
Existe alguma evidência de que a introdução do rastreio para todas as mulheres grávidas pode diminuir o número de bebés que desenvolve infecção devido à presença da bactéria, mas a revisão constatou que esses estudos têm limitações, o que significa que os resultados não são totalmente fiáveis.
Devido a estas conclusões, não é possível saber se a introdução de um programa de rastreio traz vantagens ou desvantagens.
Esta revisão que o Reino Unido fez, concluiu que são necessárias mais pesquisas para identificar quais as mulheres grávidas que terão um bebé que desenvolve infecção devido ao Streptococcus B.
Sabendo nós o rigor científico que o Reino Unido procura ter nas suas recomendações, entendemos que deveríamos traduzir o essencial do resumo desta revisão.
“Este relatório atualiza as evidências para o rastreio de mulheres grávidas para despistarem se são portadoras do germe, ou bactéria Streptococcus, Grupo B (SGB). Esta revisão pretende avaliar se os benefícios são superiores aos riscos relativamente à introdução do rastreio de SGB. O Streptococcus B está naturalmente presente nos homens e mulheres saudáveis. Cerca de uma em cada cinco mulheres grávidas é portadora de SGB no seu intestino, vagina ou trato urinário. Geralmente não causa sintomas ou danos. Se uma mulher é portadora de SGB durante o trabalho de parto, há uma pequena probabilidade de contaminar o bebé. Quando isso acontece, a maioria dos bebés recém-nascidos não são afetados por SGB, mas um número reduzido de bebés acaba por desenvolver uma condição grave, nos primeiros seis dias de vida. Esta infeção é designada por “Doença Neonatal Precoce”.
A Doença Neonatal Precoce pode causar septicémia, pneumonia e meningite. A maioria dos bebés com Doença Neonatal Precoce sobrevive sem sequelas. Infelizmente, mesmo com os melhores cuidados de saúde, um pequeno número morre e alguns que recuperam desenvolvem sequelas como surdez ou danos cerebrais.
Com o objetivo de prevenir a infeção por SGB nos bebés, durante o trabalho de parto as mulheres grávidas podem receber antibióticos (através da canalização da veia). Os antibióticos são administrados logo que possível, uma vez iniciado o trabalho de parto e repetidos em intervalos regulares até o nascimento do bebé.
Atualmente, o “National Health System” (NHS – Sistema de Saúde do Reino Unido) oferece este tratamento a mulheres que são portadoras de SGB ou que têm fatores de risco para Doença Neonatal Precoce.
Os fatores de risco incluem febre durante o trabalho de parto, ou um bebé anterior com Doença Neonatal Precoce. Atualmente, nem todas as mulheres com fatores de risco estão a receber tratamento com antibiótico durante o trabalho de parto, o que pode ser em parte devido à escolha pessoal da mulher (pois a canalização da veia pode limitar as opções de parto).
O rastreio por rotina de todas as mulheres grávidas tem sido considerado para identificar mulheres grávidas portadoras de SGB. Este teste de rastreio é realizado entre as 35-37 semanas de gravidez e envolve um teste através de exsudado da vagina e reto. As células presentes nos cotonetes são cultivadas para ver se o SGB está presente. Todas as mulheres que são identificadas como portadoras do SGB é sugerida a administração de antibióticos através da canalização da veia, no decorrer do trabalho de parto.
A Doença Neonatal Precoce é uma condição séria e a revisão concluiu que cerca de um em cada 1.750 bebés nascidos no Reino Unido e na República da Irlanda desenvolvem Doença Neonatal Precoce. Cerca de um em cada 19 bebés com Doença Neonatal Precoce morrerá da infeção.
No entanto, a revisão não recomenda que o rastreio seja introduzido no Reino Unido.
Existem várias razões para isso:
• O programa de rastreio proposto abrange anualmente, no Reino Unido, 718.000 mulheres grávidas que realizariam um rastreio ao SGB, às 37 semanas, no terceiro trimestre da gravidez;
• Se todas aceitassem o rastreio, cerca de 150.800 obteriam um rastreio positivo e seriam propostos antibióticos durante o trabalho de parto cuja administração seria através de veia canalizada.
• Somente 333 destas 150.800 mulheres teriam bebés que irão Doença Neonatal Precoce, porque o teste é insuficiente para prever a infeção de Doença Neonatal Precoce no bebé. As restantes receberiam o tratamento desnecessariamente.
• Não sabemos se existem danos a curto ou longo prazo para a mãe ou o bebé em administrar antibióticos à mãe durante o trabalho de parto e, portanto, não sabemos quantas das 150.800 mulheres e bebés tratados podem ser prejudicados.
• O objetivo de um programa de rastreio deve ser prevenir a doença Doença Neonatal Precoce no bebé e, em particular, os seus piores efeitos. A partir da pesquisa disponível, não sabemos se administrar antibióticos durante o trabalho de parto às mulheres cujo rastreio SGB foi positivo, se reduz o número de bebés que morrem de Doença Neonatal Precoce.
• Houve alguma evidência de que a introdução do rastreio na gravidez de SGB para todas as mulheres grávidas pode diminuir o número de bebés com Doença Neonatal Precoce, mas a revisão constatou que esses estudos têm limitações, o que significa que os resultados não são totalmente fiáveis.
Devido a estas conclusões, não é possível saber se a introdução de um programa de rastreio no Reino Unido traz vantagens ou desvantagens.
Precisamos de mais pesquisas para identificar quais as mulheres grávidas que terão um bebé que desenvolve a Doença Neonatal Precoce.”
Fonte: http://legacy.screening.nhs.uk/groupbstreptococcus

Tradução: Elisa Melo para Bionascimento

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